quinta-feira, 17 de junho de 2010

"Getting off my chest the story ends"

Escreveu no céu as mais belas poesias com as mãos em chamas. Acreditava que ao registrá-las em fogo bem perto das estrelas faria com que sua amada as lesse toda vez que olhasse para cima, buscando conforto na calada da noite. Queria se tornar tão eterno quanto os "eu te amo para sempre" que costumava ouvir em outros carnavais. Pobre rapaz. Mal sabia que sua pequena estava cega, que voava com um novo par de asas, e que aquele seu corpo voluptuoso que fora desenhado para as noites de tango mais quentes do universo pertencia agora a outro alguém. Ela não olhava para cima e ele nunca iria querer saber. Nunca. Preferia acreditar que aquilo ainda era seu. Muito mais fácil.


Mas infelizmente certo dia descobriu, e neste dia pude ver a próxima guerra mundial em seus olhos. Aquele coração que já fora muito bom se transformou no mais atroz de todos. Tornou-se mais frio que o Alaska. Apagou a cuspe todos os seus poemas escritos no céu, incinerou as lembranças, regurgitou todo seu ódio e seguiu feliz. Era um cara livre e o dia estava ensolarado. Meu grande amigo sorriu com lucidez.


Gabriel Andreolli.

Um comentário:

Anônimo disse...

é melhor não escrever no céu, nem sempre se observa por lá, pode falar, fale com jeito e vale deixar pra lá