segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Último domingo no Alaska

    Descoloria cada vez mais esse quarto, mesmo escrevendo e pintando a sete cores todo o meu drama. Quanto mais distante ela acordava, menos eu dormia. Sonambulava por aí colecionando sóis-nascentes e fotografando com a memória minhas histórias de finais de semana que, por infortúnio, sempre terminavam num domingo. Não existia vida no domingo. Nem aquela bactéria imunda que sobrevive em qualquer ambiente agüentaria um desses domingos. Ligava a TV, mudava de canal, com a pressa de quem foge de um leão anfetaminado, não prestava atenção em porra nenhuma. Botava a culpa na insônia e perdia o horário dos remédios. Afinal, um clichê nunca é demais, e era meu último domingo no Alaska. O mundo estava sendo destruído lá fora e eu ia ficar por aqui mais alguns minutos; Eu sempre termino o meu café, e não me importa que tenha esfriado. Antes ele do que eu.


Gabriel Andreolli.