quinta-feira, 29 de abril de 2010

Mais frio que o Alaska

Criei este blog com a finalidade de tornar pública a minha loucura, mas não necessariamente vou postar somente textos meus. Ando num período muito reflexivo, se isso é bom ou ruim, só vou saber daqui algum tempo. E não tenho pressa, o tempo é meu.



Gabriel Andreolli.

twitter.com/angustifolia

"You can't kill the metal" - Gradunov

Não vá de encontro aos meus limites,
Você não sabe o que é,
Mantê-los aqui não é tão fácil assim,
Pode não parecer, mas me fazem sofrer.
Os macacos que eu mantenho presos aqui
Estão sedentos, morrendo de vontade de sair.
Às vezes me preocupo sobre trancafiá-los,
Não confio muito no cadeado.
Cobririam-me de problemas se decidissem fugir.
São assassinos da pior natureza,
Atrevidos e hostis.
Derrubariam você no chão,
Pois não precisam do teu perdão,
Pintariam a sua casa toda de vermelho,
E ao amanhecer seu corpo não seria nada mais que sujeira.
Quanto mais frustrado, mais engraçado.
Essa é a lei, a maldita lei.
E é por isso que mantenho à sete chaves
Dentro do meu baú quebrado
A chave que lhes traria a liberdade.
Tente entender, não quero sentir saudades suas,
Por soltar meus macacos na rua.


Rafael Panegalli.

"Can we last through the winter?"

Na ausência de compaixão, parei de me alimentar de todos aqueles corações.
Cancelei o pudor, nesse estado terminal de consciência.
Dê-me mais uma dose da constelação, pra que assim eu possa deitar
E ver as estrelas derreterem junto aos meus lençóis,
Ao invés de esperar que você roube as cobertas nas noites frias,
Ou que te esquente com meu antigo amor depravado,
Afinal, olho pro lado e tu não és quem eu gostaria de encontrar,
Portanto te peço, não espere que eu ligue.
Nossa relação terminou muito antes de começar.

Gabriel Andreolli.

Medusa

Sempre divertindo alguém, novas piadas ela têm.
Nos momentos tensos e intensos na sala à meia luz que falha,
Não há perguntas que não encontre boas respostas.
E sem boas respostas são só lorotas.
Mas para ela isso não importa, pois na cara dela nunca fecham a porta.
Por trás de seu belo sorriso,
Por trás de seu olhar cativante e fingido.
É só mais uma delas.
Não sabe o que é rastejar,
Nada na lama da luxúria,
E no intenso daquele olhar, encontro a chama pra incinerar,
Aqui no Alaska da minha esquizofrenia,
Concedo-lhe uma taça.
Bebe, desfruta, intensifica a lâmina da faca,
E me beija o pescoço.
Ela me faz tão bem quando age assim, me quer por dentro.
A presenteei com meu calor, lhe mostrei o quão ácido meu fluído pode ser,
Mas ela insistiu e quis quente, novamente.
Agora ela vê as estrelas, e eu sou o Sistema Solar,
E não vejo problemas em fazê-la gozar.
Sempre muito minha, poetizando minha agonia.


Gabriel Andreolli e Rafael Panegalli.

Doutor

É você que vai costurar minha cabeça Doutor?
Por acaso se importaria se lhe pedisse um favor?
Abra um pouco mais este ferimento e tira daí essa dor.
Esse pedacinho meu que guarda rancor.
Alivia, por favor, Doutor.
No Império dessa loucura, eu sei, tu tens a cura,
Não tente me enganar, retroagir e se desmanchar,
Ou tu arranca esse tumor,
Ou com outra dor tu terás de se acostumar.
Nâo sabes do que sou capaz, não conheces o ritual.
É, meu caro cirurgião do umbral,
Pelo jeito você nunca viu tanto mal.


Gabriel Andreolli e Rafael Panegalli